quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Acidentado

Oiço correntes, vejo janelas com grades e pessoas em vestes brancas que lembram batas...Onde vim parar?...Oiço dizerem que parti a cana do nariz...E que estou pior...O que me aconteceu? Estou num quarto totalmente branco, acorrentado a uma cama, e oiço falarem do meu estado, mas antes de sequer conseguir ouvir o que estavam a dizer, notam que estou a acordar. Rodeiam a minha cama e ficam silenciosos a olhar para mim, só se consegue ouvir o pingar das gotas de soro e o ping das máquinas. Que estarão eles á espera? Com um olhar mais atento vejo que não médicos normais, usam uma máscara com um respiradouro, como se tivessem a espera de uma guerra biológica e usam luvas e botas pretas. O quarto onde estou também é fora do normal, barras nas janelas, correntes para prender as pessoas ás camas e um cheiro extremamente forte a desifectante, parece um hospital para lunáticos... Sem muitas forças pergunto "Onde estou?" mas não tenho qualquer resposta, aqueles idiotas apenas continuam a olhar para mim em silêncio. Entretanto entra mais uma pessoa no quarto, mas esta não têm máscara nenhuma, talvez consiga obter alguma resposta dela, mas assim que vou abrir a boca, ela espeta-me com um seringa no braço e as pálpebras começam a pesar e a luz começa a ser substítuida pela escuridão, adormeço outra vez... Acordo com um solavanco, o branco foi substituido pelo cinzento e o silêncio foi substituído por um motor de um carro. Estou na parte de trás de uma carrinha, tenho os pés e as mãos atadas. Começo a mexer a cabeça á procura de uma janela ou alguma forma de escapar, olhando para a frente da carrinha vejo o condutor. Pergunto-lhe "O que se passa aqui? Para onde me levas macaco? Que te fiz eu?", ele responde-me " A mim nada, mas meteste-te com quem não devias burro". Penso para mim com quem me meti, antes de acordar no hospital só me lembro de estar a cair de um prédio abaixo em direcção a um Mercedes, por culpa do badameco idiota que tinha de matar. Terá sido com ele com quem não me devia ter metido? Se calhar ele era o filho de alguém importante, mas também não faz sentido, como consegui sobreviver aquela queda? Tentarei obter respostas mais tarde, agora quero apenas sair desta carrinha impestada com um cheiro a fritos e comida chinesa. O gajo que vai a conduzir têm uma espécie de máscara, parecida à dos supostos médicos que estavam naquela sala branca comigo, mas este não tem respiradouro é apenas para esconder a identidade. Tenho que arranjar uma maneira de sair daqui, começo a pontapear a porta para ver se alguém ouve mas parece que não tenho muita sorte, no entanto o gajo para a carrinha e vêm em direcção a mim. Quando vai a abrir a porta dou com os pés na porta e a mesma bate-lhe na cara, nem deixo o gajo respirar, enquanto está no chão salto da carrinha para cima do peito dele na esperança de partir alguma coisa. Devo ter acertado em alguma coisa, pois ele começa a ter dificuldades em respirar. Salto outra vez, acerto-lhe mas ao cair em cima dele escorrego e cai no chão violentamente. Após alguns segundos de recuperação vejo que ele já não se mexe, e que está a deitar sangue pela boca, devo ter-lhe perfurado um pulmão se assim for está mesmo morto. Embora muito dificilmemente vasculho os bolsos dele á procura de uma faca ou de algo para me libertar das cordas, mas sem sucesso. Saltitando vou á parte de frente da carrinha e lá acho uma faca, trato de cortar as cordas e pego na carrinha e lá vou eu estrada fora, estrada essa repleta de plantações não percebo bem do quê mas os campos eram enormes e um cheiro estranho pairava no ar, ligo o rádio e está a passar uma música dos Great Big Sea a "The Night That Patty Murphy Died", enquanto isso procuro placas de sinalização para ver onde estou e lá encontro uma que diz que faltam 30 kilometros para Utopia. Que cidade é esta? Nunca tinha ouvido falar dela, bem de qualquer maneira neste momento é a minha unica opção por isso pus o pé a fundo no pedal e lá fui.

Quando aparece a placa a dizer que faltam 15 km, oiço uma barulheira infernal atrás de mim, olhei para o espelho retrovisor e vejo uma imensidão de carros a perseguir-me, um olhar mais atento e vejo malucos com as mesmas máscaras do condutor da carrinha, fora das janelas dos carros com armas. De um momento para o outro começo a ser bombardeado com uma chuva de balas e começo a andar com a carrinha aos zigue-zagues para evitar, mas isto não era suficiente para acabar com eles, tinha que fazer alguma coisa. Dois carros, um de cada lado da carrinha começam a albaroar a carrinha, nisto travo a fundo e batem um no outro, e ficam presos pelos espigões que tinham nas jantes, aproveitando esta situação bato na parte de trás de um deles o que faz com que eles deiam um peão e uma carrinha que vinha atrás bato contra eles. 3 já foram só faltam mais 2 carros, que vinham mesmo colados á carrinha. Um deles põem-se no lado direito e um dos macacos abre a porta e o carro acerta na porta e tira-a do sítio. O idiota que abriu a porta entra dentro do carro e dá-me um soco mesmo na bochecha e só vejo um dente meu a saltar para o tablier, irritado cuspo-lhe o sangue para a cara e enquanto ele tenta tirar o sangue ganho balanço usando o volante e dou-lhe uma cacetada a pés juntos que faz com que ele entre pela janela do condutor do carro de onde o parvo saltou o que faz com que o carro sai da berma e vá de contra uma árvore. Só falta mais um, e estes depois do que fiz são mais espertos e começam a albarroar a carrinha por trás, tentado despistar-me. Olho rapidamente para o banco a direita e vi que o outro deixou cair uma arma, inspeciono-a e vejo que só tenho uma bala, mas enquanto inspeciono a arma os de trás dão um tiro no pneu e o carro começa a guinar. Já sem muitas esperanças faço uma derrapagem, e consigo fazer com que o carro ande de lado uns metros e do lado do condutor consigo ter uma visão do carro e aproveito para disparar em cheio na cabeça do condutor. O peso do morto faz com que o pé carregue a fundo no acelarador e bate de lado na carrinha e faz com que fique a andar em marcha atrás uns metros. De repente oiço uns pneus a rebentarem e o outro carro a despistar-se e o repetido som metálico do carro a bater no chão. Nem tenho tempo para ver o que se passa e os pneus de trás da carrinha são rebentados e de seguida sinto um forte impacto que faz com que a carrinha dê uma volta no ar e caia com o tejadilho no chão e é arrastada uns quantos metros e fico completamente atordoado. Quando recupero, tento sair do carro a restejar, consigo ver os destroços do outro carro, e um forte cheiro a óleo paira no ar, mas também nem quero saber, rastejo mais uns metros e uns vultos começam a aproximar-se de mim, quando chegam mais perto vejo-me rodeado de botas e quando tento pôr-me de joelhos e olhar para cima sou rapidamente acertado com a coronha de uma arma. Quem foi que me acertou? E porque o fez? Só ser que enquanto caia consegui ver a lua que continua vermelha como a do dia em que cai do prédio abaixo....

1 comentário: